Os carboidratos são nutrientes
denominados energéticos, justamente porque sua quebra produz a energia que é
utilizada pelo organismo. Todos os carboidratos que consumimos – pão, macarrão,
batata, arroz, biscoitos – acabam virando moléculas de glicose no nosso
organismo e desta forma são absorvidos.
São os carboidratos que fornecem
energia para desempenharmos todas as nossas funções vitais. O cérebro, por
exemplo, necessariamente precisa de glicose para funcionar. Além de fornecer energia,
os carboidratos facilitam o metabolismo das gorduras e preservam a massa
muscular, pois a energia para o músculo vem da reserva de carboidratos do
organismo.
Sabendo que a energia que
abastece o nosso organismo é proveniente dos carboidratos, podemos entender o
quanto este grupo alimentar é importante para os praticantes de atividade física
e atletas. A atividade física aumenta a demanda de energia pelo organismo,
podendo ser até 120 vezes maior do que o normal em atividades intensas. Sendo assim,
ao iniciar uma atividade física, o organismo precisa de mais glicose. Pessoas
interessadas em melhorar a performance não podem deixar faltar carboidratos na
sua dieta. Cerca de 50 a 60% do total de calorias ingeridas diariamente devem
ser provenientes de carboidratos. São recomendadas de 6 a 11 porções deste nutriente
por dia, dependendo do nível de atividade física, idade e gênero. Homens
normalmente precisam de mais carboidratos.
Todo carboidrato que ingerimos é
levado ao fígado na forma de glicose. No fígado, a glicose pode apresentar 3
diferentes caminhos:
- Armazenamento sob a forma de glicogênio – o glicogênio é uma cadeia de glicose que fica exclusivamente nos músculos e no fígado. O glicogênio muscular atende a demanda específica para as fibras musculares de onde está armazenado. O glicogênio hepático é responsável por manter as funções vitais e garantir energia na forma de glicose para qualquer tipo de demanda extra que o organismo venha a apresentar.
- Conversão em gorduras – sendo o músculo e o fígado os únicos locais de armazenamento do glicogênio, se a demanda de reserva foi atendida e ainda assim existe glicose na circulação, o excesso é convertido em gordura.
- Liberação
para a corrente sanguínea – para atender a necessidade de energia dos
tecidos e órgãos do corpo.
Durante a atividade física, utilizamos a glicose
que temos armazenada no nosso músculo na forma de glicogênio. Quanto mais
glicogênio o indivíduo tem, melhor a sua performance. Baixos níveis de
glicogênio muscular estão relacionados a fadiga e cansaço.
O consumo diário de uma dieta equilibrada
e balanceada garante a realização da atividade física por cerca de 90 a 100
minutos com o estoque do organismo sem causar danos a performance. Após este
período, há queda do rendimento e pode ser desencadeado o quadro de fadiga
muscular principalmente porque as concentrações de glicose sanguínea vão
diminuindo. Em provas longas é comum que isto aconteça ocasionando a “quebra”
do atleta.
Diante disso, em hipótese alguma
a atividade física deve ser realizada em jejum. Com o consumo de carboidratos antes
da atividade física a musculatura é preservada e as funções vitais não ficam
comprometidas.
Os carboidratos também são
essenciais após a atividade física para repor os estoques de glicogênio que
foram utilizados no exercício, promovendo a recuperação muscular e preparando
os músculos para as atividades subsequentes.
O consumo correto de
carboidratos, em quantidades adequadas e em horários apropriados garante
melhores resultados na prática de atividade física. Estes detalhes devem ser
ajustados de acordo com o tipo da atividade física desenvolvida – corrida,
natação, musculação, futebol, lutas, etc. De uma maneira geral, o American College of
Sports Medicine, 2000 recomenda um consumo diário de 6 a 10 gr de
carboidratos/kg de peso corporal/dia.
ANTES DO EXERCÍCIO
A alimentação antes do treino ou
das competições, deve acontecer entre 3 a 4 horas antes do início da atividade.
Esta refeição deve ser rica em carboidratos para garantir o aporte adicional de
energia para o organismo. Além disso, deve conter uma quantidade moderada de
proteínas e ser pobre em gorduras e fibras. Estes dois nutrientes tornam o
esvaziamento gástrico lento e podem causar desconforto durante a realização da atividade
física.
DURANTE O EXERCÍCIO
Nos primeiros estágios do
exercício, a maior parte da energia é proveniente do glicogênio muscular
(reserva de glicose nos músculos). A medida que o exercício continua, a
utilização do glicogênio muscular diminui e passamos a buscar energia na
glicose circulante na corrente sanguínea.
Não é possível repor o glicogênio
durante a atividade física. Neste período, o foco é manter a concentração de
glicose sanguínea com a intenção de retardar a fadiga e, caso ela aconteça,
diminuir a sua intensidade.
Se não existe ingestão de
carboidratos nos exercícios mais longos o atleta pode ter como resultado a
fadiga muscular em um primeiro momento. Caso a reposição continue não
acontecendo e a glicose circulante não conseguir atender a necessidade do
organismo, acontecem casos mais graves hipoglicemia com a presença de náuseas e
tonturas e consequente parada do exercício.
Dependendo da intensidade e da
duração do exercício, indica-se reposição de 30 a 60gr de carboidrato. É
indicado que a reposição aconteça a cada 20 a 30 minutos a partir da primeira
meia hora de exercício.
A ingestão de carboidratos deve
estar sempre aliada a ingestão de água pois um auxilia o outro na absorção e
manutenção da performance. As bebidas esportivas (como o Gatorade® e Powerade®) são uma boa opção; ou o carboidrato em gel associado com
água.
DEPOIS DO EXERCÍCIO
O glicogênio só é sintetizado em
períodos de repouso. Sendo assim, a reposição de carboidratos após o exercício
tem o intuito de garantir a ressíntese de glicogênio para uma atividade posterior,
garantindo uma rápida recuperação. Nos primeiros 30 minutos após o término do
exercício é recomendada a ingestão de aproximadamente 1,5gr de carboidrato por
kg de peso corporal.
Lembre-se que carboidratos a mais
são armazenados como gordura, a menos podem comprometer a taxa de metabolismo
basal e causar fadiga e cansaço com a prática de exercícios físicos. A
quantidade e o tipo de carboidrato utilizado variam de acordo com o tipo de
atividade física realizada e o nível de preparo de cada um.
Pense na qualidade da sua
alimentação e verifique se você fornece a quantidade de carboidratos que o seu
organismo precisa diariamente. Será que a falta de carboidratos não é o motivo
daquele cansaço sem explicação? Ou será que aquela gordurinha a mais apareceu
devido ao abuso deste nutriente?
Seu organismo é uma máquina
perfeita e precisa dos combustíveis necessários para funcionar corretamente! Na
semana que vem falaremos sobre proteínas, talvez o mais polêmico nutriente para
praticantes de atividade física. Precisamos ou não de suplementos? Ajuda mesmo
na definição muscular? Até semana que vem!!!!
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