sábado, 1 de setembro de 2012

É PREJUDICIAL ESCAPAR DA DIETA? Conheça o que acontece no organismo entre idas e vindas da alimentação saudável


Todo o trabalho do nosso organismo está em manter a harmonia no funcionamento. Ele faz tudo o que é necessário para se manter organizado e suprindo as nossas funções vitais como a respiração, os batimentos cardíacos, a circulação e todos os outros mecanismos necessários para a nossa existência.

Para que o organismo consiga realizar todas essas funções é necessário que as células tenham energia e essa energia vem dos nutrientes dos alimentos. Todos os alimentos que consumimos fornecem para as células a matéria prima necessária para o seu funcionamento específico. Por exemplo, o cérebro utiliza exclusivamente glicose. Caso esta glicose não seja fornecida pela alimentação em quantidade suficiente, o organismo inteligentemente busca de outra forma, pode ser retirando a glicose de células de defesa, por exemplo, neste caso deixando-as desequilibradas. Com a imunidade prejudicada a pessoa fica mais suscetível a contrair doenças. Este é apenas um exemplo para ilustrar como as coisas funcionam. Temos que ter em mente que se o organismo tem uma meta, esta meta é sobreviver.

Se as células precisam de energia para desempenhar as suas funções, por que não estocar energia para situações de emergência? Fazemos isso estocando gordura. O carboidrato e a gordura que excedem as quantidades que o organismo utiliza diariamente são armazenados para situações de emergência. E aí surgem os indesejáveis pneuzinhos.

Pensando assim, seria fácil queimar gordura: colocando o organismo em uma situação de emergência (uma restrição de alimentos, por exemplo) a gordura de estoque seria rapidamente utilizada e os pneuzinhos iriam embora. Em partes este raciocínio está correto. É nos períodos de restrição que gastamos a gordura de reserva. Por outro lado, utilizando a ótica de sobrevivência do organismo, uma situação de emergência requer mais energia para o funcionamento das células e, com isso, mais acúmulo de gordura. Para que o estoque de gordura seja refeito para esta suposta situação de emergência, existem mudanças nas reações do nosso organismo que envolvem todo o nosso metabolismo com um único objetivo: armazenar gordura. Sentimos mais fome, ficamos fracos, cansados e desanimados, sem rendimento algum e tudo isso é a tentativa do organismo em garantir a nossa sobrevivência em uma restrição alimentar, interpretada por ele como uma ameaça.

O grande desafio (e a chave do sucesso da dieta!) é ensinar ao organismo que a restrição alimentar não é uma ameaça para a sobrevivência. Para isso, existem vários recursos. O mais famoso deles talvez seja alimentar-se de 3 em 3 horas. Esta manobra mostraria ao organismo que daqui a 3 horas ele terá um combustível para seguir em frente e assim ele se acostuma a gastar mais energia. Aos poucos ele vai entendendo que não existe ameaça alguma para o seu funcionamento e começa um processo inverso ao de estoque de gordura, ou seja, passa a utiliza-las como energia. Talvez só a alimentação de 3 em 3 horas não seja suficiente para ativar este mecanismo e seja necessário outra modificação na estrutura da dieta. Isto vai depender do histórico de cada organismo.

Pessoas que já fizeram dieta normalmente respondem menos as primeiras estratégias. Isto porque o organismo delas já tem memória destes períodos de restrição e sabe o caminho mais rápido para refazer o estoque de gordura. O organismo entende cada restrição, cada período de “fechar a boca” como uma ameaça e logo segue o caminho do estoque de gordura. Ao longo dos anos o caminho fica mais rápido e a pessoa para de responder as restrições, o metabolismo está todo alterado para o acúmulo de gordura. É muito comum pessoas com excesso de peso, que lutaram com a balança ao longo de toda a vida chegarem ao consultório com a queixa de que não conseguem perder peso,  mesmo consumindo uma quantidade muito pequena de alimentos/calorias. Algumas chegam até a ganhar peso mesmo comendo menos. Esta é a resposta do organismo a repetidos períodos de restrição.

Além disso, temos uma tendência ao equilíbrio. Se temos um peso de 60kg e vivemos bem muitos anos com este peso, por que temos que pesar 58kg? A tendência do organismo será sempre voltar aos 60kg. E por este motivo é tão fácil ganhar os quilos perdidos em um processo de perda de peso. A tendência ao equilíbrio faz o organismo se reorganizar rapidamente para atingir o seu peso de equilíbrio, no caso de 60kg do exemplo.

Toda esta explicação sobre o funcionamento do organismo em períodos de restrição é imprescindível para demonstrar a importância do seguimento fiel da dieta. Respondendo a questão do título...SIM...é prejudicial escapar da dieta. As pequenas escapadas prejudicam a educação do organismo em duas vias: uma porque comprometem o mecanismo que ele está desenvolvendo para utilizar a gordura de estoque e outra porque promove um acúmulo maior de gordura para enfrentar esta fase. Em situações como esta, o cérebro manda mensagens de alerta para os sistemas envolvidos na nossa proteção, especialmente o sistema digestivo, para que os nutrientes sejam todos armazenados como gordura, criando assim, uma reserva maior para enfrentar esta situação de emergência.

Seguir o cardápio é fundamental, em específico no início do processo de perda de peso. Quanto mais rígido for o seguimento as orientações de cardápio, horário da alimentação e as demais estratégias que envolvem o processo de emagrecimento, melhores serão os resultados.

Para isto é preciso ter muita disciplina e força de vontade. Nada muda porque você está de dieta...aniversários acontecem, jantares de família acontecem, viagens, almoço de negócios, e outras diversas situações que dificultam muito não cair em tentações. Sendo assim vale o bom senso, a exceção não pode virar regra. Uma colherada de geléia a mais no café da manhã, aquela sobremesa impossível de resistir na hora do almoço e o colega de trabalho que trouxe o bolo para comemorar seu aniversário a tarde. Além das calorias a mais no fim do dia, estes desvios estão alterando a percepção do organismo sobre o novo jeito de encarar o período de restrição.

Caso os exageros aconteçam, a melhor orientação é ignora-los e focar no cardápio que foi planejado para você, nas outras refeições e no dia seguinte. Tentar compensar pulando refeições ou não consumindo todos os alimentos (retirando carboidrato, por exemplo) para algumas pessoas pode ser pior. O quadro de queima de gordura pode se transformar em acúmulo de gordura.

Perder peso vai muito mais além de consumir menos calorias do que gasta. Este é apenas um dos passos. A perda de peso envolve outros processos do organismo e seu funcionamento como um todo. Acertando pequenos detalhes o organismo passa a responder aos estímulos para a utilização da gordura de reserva e o emagrecimento acontece. Para alguns de uma maneira rápida, para outros nem tanto. Isso vai depender do histórico de cada um com a alimentação, vai depender da organização da rotina alimentar de cada um, do nível de atividade física e até do estresse emocional que a pessoa está vivendo.

Não existe receita certa para emagrecer....existem algumas regras básicas e somadas a elas, os detalhes que fazem a diferença. Busque orientação para que você consiga sempre atingir os seus objetivos pela alimentação sem comprometer o funcionamento correto do seu organismo. Não existe maneira de engana-lo, a busca do organismo pela sobrevivência deve ser um aliado da dieta e não uma dificuldade a mais na perda de peso!!!

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