Todo o trabalho do nosso organismo está em
manter a harmonia no funcionamento. Ele faz tudo o que é necessário para se
manter organizado e suprindo as nossas funções vitais como a respiração, os
batimentos cardíacos, a circulação e todos os outros mecanismos necessários
para a nossa existência.
Para que o organismo consiga realizar
todas essas funções é necessário que as células tenham energia e essa energia
vem dos nutrientes dos alimentos. Todos os alimentos que consumimos fornecem
para as células a matéria prima necessária para o seu funcionamento específico.
Por exemplo, o cérebro utiliza exclusivamente glicose. Caso esta glicose não
seja fornecida pela alimentação em quantidade suficiente, o organismo
inteligentemente busca de outra forma, pode ser retirando a glicose de células
de defesa, por exemplo, neste caso deixando-as desequilibradas. Com a imunidade
prejudicada a pessoa fica mais suscetível a contrair doenças. Este é apenas um
exemplo para ilustrar como as coisas funcionam. Temos que ter em mente que se o
organismo tem uma meta, esta meta é sobreviver.
Se as células precisam de energia para
desempenhar as suas funções, por que não estocar energia para situações de
emergência? Fazemos isso estocando gordura. O carboidrato e a gordura que
excedem as quantidades que o organismo utiliza diariamente são armazenados para
situações de emergência. E aí surgem os indesejáveis pneuzinhos.
Pensando assim, seria fácil queimar
gordura: colocando o organismo em uma situação de emergência (uma restrição de
alimentos, por exemplo) a gordura de estoque seria rapidamente utilizada e os
pneuzinhos iriam embora. Em partes este raciocínio está correto. É nos períodos
de restrição que gastamos a gordura de reserva. Por outro lado, utilizando a
ótica de sobrevivência do organismo, uma situação de emergência requer mais
energia para o funcionamento das células e, com isso, mais acúmulo de gordura.
Para que o estoque de gordura seja refeito para esta suposta situação de
emergência, existem mudanças nas reações do nosso organismo que envolvem todo o
nosso metabolismo com um único objetivo: armazenar gordura. Sentimos mais fome,
ficamos fracos, cansados e desanimados, sem rendimento algum e tudo isso é a
tentativa do organismo em garantir a nossa sobrevivência em uma restrição
alimentar, interpretada por ele como uma ameaça.
O grande desafio (e a chave do sucesso da
dieta!) é ensinar ao organismo que a restrição alimentar não é uma ameaça para
a sobrevivência. Para isso, existem vários recursos. O mais famoso deles talvez
seja alimentar-se de 3 em 3 horas. Esta manobra mostraria ao organismo que
daqui a 3 horas ele terá um combustível para seguir em frente e assim ele se
acostuma a gastar mais energia. Aos poucos ele vai entendendo que não existe
ameaça alguma para o seu funcionamento e começa um processo inverso ao de
estoque de gordura, ou seja, passa a utiliza-las como energia. Talvez só a
alimentação de 3 em 3 horas não seja suficiente para ativar este mecanismo e
seja necessário outra modificação na estrutura da dieta. Isto vai depender do
histórico de cada organismo.
Pessoas que já fizeram dieta normalmente
respondem menos as primeiras estratégias. Isto porque o organismo delas já tem
memória destes períodos de restrição e sabe o caminho mais rápido para refazer
o estoque de gordura. O organismo entende cada restrição, cada período de
“fechar a boca” como uma ameaça e logo segue o caminho do estoque de gordura.
Ao longo dos anos o caminho fica mais rápido e a pessoa para de responder as
restrições, o metabolismo está todo alterado para o acúmulo de gordura. É muito
comum pessoas com excesso de peso, que lutaram com a balança ao longo de toda a
vida chegarem ao consultório com a queixa de que não conseguem perder
peso, mesmo consumindo uma quantidade
muito pequena de alimentos/calorias. Algumas chegam até a ganhar peso mesmo
comendo menos. Esta é a resposta do organismo a repetidos períodos de
restrição.
Além disso, temos uma tendência ao
equilíbrio. Se temos um peso de 60kg e vivemos bem muitos anos com este peso,
por que temos que pesar 58kg? A tendência do organismo será sempre voltar aos
60kg. E por este motivo é tão fácil ganhar os quilos perdidos em um processo de
perda de peso. A tendência ao equilíbrio faz o organismo se reorganizar
rapidamente para atingir o seu peso de equilíbrio, no caso de 60kg do exemplo.
Toda esta explicação sobre o funcionamento
do organismo em períodos de restrição é imprescindível para demonstrar a
importância do seguimento fiel da dieta. Respondendo a questão do título...SIM...é
prejudicial escapar da dieta. As pequenas escapadas prejudicam a educação do
organismo em duas vias: uma porque comprometem o mecanismo que ele está
desenvolvendo para utilizar a gordura de estoque e outra porque promove um
acúmulo maior de gordura para enfrentar esta fase. Em situações como esta, o
cérebro manda mensagens de alerta para os sistemas envolvidos na nossa
proteção, especialmente o sistema digestivo, para que os nutrientes sejam todos
armazenados como gordura, criando assim, uma reserva maior para enfrentar esta
situação de emergência.
Seguir o cardápio é fundamental, em
específico no início do processo de perda de peso. Quanto mais rígido for o seguimento
as orientações de cardápio, horário da alimentação e as demais estratégias que
envolvem o processo de emagrecimento, melhores serão os resultados.
Para isto é preciso ter muita disciplina e
força de vontade. Nada muda porque você está de dieta...aniversários acontecem,
jantares de família acontecem, viagens, almoço de negócios, e outras diversas
situações que dificultam muito não cair em tentações. Sendo
assim vale o bom senso, a exceção não pode virar regra. Uma colherada de geléia
a mais no café da manhã, aquela sobremesa impossível de resistir na hora do
almoço e o colega de trabalho que trouxe o bolo para comemorar seu aniversário
a tarde. Além das calorias a mais no fim do dia, estes desvios estão alterando
a percepção do organismo sobre o novo jeito de encarar o período de restrição.
Caso os exageros aconteçam, a melhor
orientação é ignora-los e focar no cardápio que foi planejado para você, nas
outras refeições e no dia seguinte. Tentar compensar pulando refeições ou não
consumindo todos os alimentos (retirando carboidrato, por exemplo) para algumas
pessoas pode ser pior. O quadro de queima de gordura pode se transformar em
acúmulo de gordura.
Perder peso vai muito mais além de
consumir menos calorias do que gasta. Este é apenas um dos passos. A perda de
peso envolve outros processos do organismo e seu funcionamento como um todo.
Acertando pequenos detalhes o organismo passa a responder aos estímulos para a
utilização da gordura de reserva e o emagrecimento acontece. Para alguns de uma
maneira rápida, para outros nem tanto. Isso vai depender do histórico de cada
um com a alimentação, vai depender da organização da rotina alimentar de cada
um, do nível de atividade física e até do estresse emocional que a pessoa está
vivendo.
Não existe receita certa para
emagrecer....existem algumas regras básicas e somadas a elas, os detalhes que
fazem a diferença. Busque orientação para que você consiga sempre atingir os
seus objetivos pela alimentação sem comprometer o funcionamento correto do seu
organismo. Não existe maneira de engana-lo, a busca do organismo pela
sobrevivência deve ser um aliado da dieta e não uma dificuldade a mais na perda
de peso!!!
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